8.14.2012

#do trabalho

Das melhores coisas que me podem acontecer é fazer uma entrevista e, além de gostar de a fazer, o entrevistado também gostar da entrevista e reconhecer que fizeste bem o trabalho de casa. É uma sensação que compensa muitas das chatices inerentes a esta profissão.

7.09.2012

#do motivo

Chorar é sempre uma coisa que mexe com as pessoas. Com as que choram e com as que olham para alguém a chorar. É algo que toca a impotência, de alguma maneira. Claro está que existem lágrimas de alegria, um choro muito mais positivo. Ainda assim, regra geral, chorar está associado a coisas más, negativas e tristes. 


Era o caso dele. Entrou no metro e sentou-se numa cadeira entre desconhecidos e ficou a olhar o fundo da carruagem como se fosse uma paisagem distante. Triste, mas distante. Já passava da meia noite e à volta estavam muitos turistas que, certamente, não o entendiam. Não entendiam a língua. Não entendiam os sentimentos. Não o entendiam a ele. 


Uma lágrima teima em cair. O olhar distante, triste, mas distante. A olhar o fundo da carruagem como se fosse uma paisagem distante. Sem se preocupar com os olhares alheios. Sem se preocupar com o incómodo que causava. Provavelmente, incómodo a ninguém. 


(Outra lágrima teima em cair. E o olhar continua distante.)


Intrigo-me porque será. Quero acreditar que são razões alheias à economia do país. Quero acreditar que ele tem dinheiro na carteira para conseguir pôr o pão na mesa no dia seguinte. Quero acreditar que os trocos chegam para esse luxo chamado café. 


Estava na Grécia. De Pireu para Atenas. Não consigo ter a certeza que aquelas lágrimas estavam relacionadas com um relacionamento acabado. Ou com uma outra qualquer situação. Apesar de penoso, preferia acreditar que teria sido a namorada que o traiu. Desconfio que não. E, ainda hoje, esta imagem que tanto me incomodou continua a martelar-me na memória. 


Não por ele estar a chorar rodeado de pessoas estranhas e com o olhar distante. Mas pelo motivo. O mesmo motivo que o fazia continuar com o olhar ao longe. Inerte. Longe de todas aquelas pessoas e daquela realidade que o rodeava. Alheio. 


Chorar é sempre uma coisa que mexe com as pessoas. É. 


Eu saí em Monastiraki e ele seguiu. Ficou a olhar o fundo da carruagem como se fosse uma paisagem distante. Triste, mas distante. Já passava da meia noite e à volta estavam muitos turistas que, certamente, não o entendiam. Não entendiam a língua. Não entendiam os sentimentos. Não o entendiam a ele.  Não percebiam o motivo.






(Acrópole . Atenas . Grécia . Junho . 2012)







5.26.2012

#dos livros

Já é dia. O sol nasceu há menos de uma hora e o fim do cigarro dita o recolher que já devia ter acontecido há umas horas. Terminei a saga (curta) desta leitura: o livro chegou ao fim. É estranha a sensação que temos no fim das estórias... Por um lado, é bom (óptimo, arriscar-me-ia) quando um livro nos consome o tempo de forma compulsiva. Por outro, é estupidamente parvo quando terminamos a leitura e fica uma sensação de vazio (?) porque amanhã já não há mais. Há muito tempo que um livro não provocava esta dicotomia em mim. (Óbvio, quase não tens tempo para ler seu caramelo!!!) Desde que cresci oficialmente e larguei o Harry Potter, talvez... Ou desde Os Maias. No fim de contas, fico feliz em saber que ainda me restam mais dois volumes. Demorei a começar a leitura, mas o primeiro livro da colecção Millennium, do Stieg Larsson, valeu bem a pena. 


E agora retiro-me porque daqui a umas horas não é o jornalista Mikael Blomkvist que entra em cena. É mesmo o jornalista Filipe Santa-Bárbara que tem de ir trabalhar.


Venham os próximos.

5.15.2012

#dos blogs

Estive a tentar criar um novo blog. Acontece que todos os nomes que eu gosto/quero estão criados. Ninguém merece. Acho que vou revitalizar o 70ºNorte. Só não sei como... Precisava de um novo começo. #das coisas - seria o nome do novo blog. Um novo início. Mas pronto, velhos hábitos não morrem. Pode ser que seja mesmo um novo começo... Um bocadinho mais a norte. Na mesma.